Minha querida amiga Lisane está aqui no blog novamente. Ela já contou em outro post sobre a trilha no Bico do Papagaio e agora vem contar sobre seu mochilão de férias de 20 dias pela Bolívia, Chile e Peru.
Vamos à primeira parte ?!
Como tudo começou ?
Um amigo do trabalho, que tira férias no mesmo período em que eu, disse que estava pensando em fazer um Mochilão e perguntou se eu não estava afim de ir. No inicio fiquei na dúvida, mas pensei, a vida anda tão sem emoção, que eu vou topar a viagem. E, de última hora, mais uma amiga entrou na viagem e formamos um grupo de 3 pessoas.
Começamos a buscar informações na internet, no site Mochileiros.com e em blogs de viagens. Pegamos uma opção de roteiro que um dos viajantes compartilhou e decidimos fazer o mesmo percurso basicamente. Pequenas mudanças foram feitas do original.
Depois de escolhido o roteiro, começou a pesquisa sobre cada um dos locais por onde passaríamos, como chegar ate eles, atrações e opções de hostels. Ah, sem esquecer dos cálculos, estimativa de preços e de tempo que precisaríamos em cada uma das cidades visitadas e tempo de deslocamento entre elas.
Nosso roteiro incluiu os seguintes destinos: Bolívia ( Sucre e Uyuni), Chile (San Pedro do Atacama, Arica), Peru (Arequipa, Cusco, Machu Pichu) Bolívia (Copacabana e La Paz)
BOLÍVIA (PARTE 1) – Informações Gerais
Voo: compramos 2 voos – Rio X Santa Cruz de la Sierra e Santa Cruz de la Sierra X Sucre.
Essa decisão foi tomada baseada no preço e também para evitar deslocamentos terrestres pela Bolívia, que tem estradas em mau estado de conservação e frota de veículos antiga.
Sucre
Sucre é a capital constitucional da Bolívia, enquanto La Paz é a sede do Governo. A cidade está a 2810 metro de altitude e possui uma atmosfera boa, pessoas educadas, ruas limpas no centro, bom comércio para comprar souvenir e boas opções de locais para comer e beber. O clima estava fresco em março, solzinho de dia e friozinho a noite.
Ficamos hospedados no Hostel Kultur Café Berlim, que é bem animado e organizado. Tem eventos a noite, um restaurante dentro que servem comidas, bebidas e café.
Estávamos na cidade de passagem, seguindo viagem para Uyuni. Compramos a passagem do ônibus com um agente dentro do próprio hostel, era apenas 10 bolivianos a mais e compensou não ter que ir até a rodoviária, que não era tão perto de onde estávamos.
- Pose em Sucre. Foto: Lisane Monteiro
- Pelas ruas de Sucre. Foto: Lisane Monteiro
>> Observações Técnicas
Viajamos para Uyuni pela Viação 6 de Octubre e a passagem custou 80 bolivianos (+10 do agente que nos vendeu no hostel). Viajamos a noite, saída às 20:30h.
É bom chegar com um pouco de antecedências, pois ao comprar o bilhete com o agente, é preciso ir ao guichê da empresa retirar a passagem e também ir em outro guichê pagar uma taxa de utilização do terminal rodoviário. Em todas os terminais são cobradas essas taxas, que custam em média, 2 “dinheiros”, dependendo do país.
Outro detalhe, na Bolívia, para usar qualquer banheiro eles cobram 1 Boliviano e os banheiros não são lá uma maravilha.
- Banheiro no Museo de Sal é um exemplo do que é possível encontrar. Foto: Lisane Monteiro
Muito importante: pague pelo banheiro na rodoviária, pois no ônibus não tem banheiro (eles dizem que tem, mas não tem mesmo!!) e a viagem dura quase 10h, com apenas 2 paradas durante a madrugada. E na 2º parada o banheiro é quase a céu aberto, no meio do nada, num frio danado.
Uyuni
Chegamos em Uyuni às 4h da manhã e, ao desembarcar do ônibus, tem alguns agentes das empresas que fazem pacotes para o Salar de Uyuni oferecendo o serviço.
A dica é sempre, pesquise blá blá blá… mas no frio e mega apertada pra fazer xixi não teve muito o que pesquisar, fomos com a moça que nos recebeu para a agência dela ( com uma parada num banheiro público por 1 boliviano) e lá nos foram apresentados os detalhes do passeio e oferecidos um café (aleluia). A agência foi a Thiago Tours, de um brasileiro. O atendimento foi bom e não tivemos maiores problemas, embora nem tudo seja perfeito.
Viajamos a madrugada toda e já emendamos no passeio que sai por volta das 10:30h. Enquanto esperávamos tomamos um café da manhã reforçado num local que nos foi indicado. Não há padarias como conhecemos no Brasil e isso faz muita falta.
A cidade de Uyuni não é bonita. O pouco tempo em que ficamos por lá vi muita poeira e muitos cachorros soltos pela rua (como na maioria dos nossos destinos). É um local muito simples.
Salar de Uyuni
A agência que nos vendeu o passeio pelo Salar de Uyuni foi a Thiago Tours, pertence a um brasileiro e o atendimento foi muito bom. Os carros (jeep) que fazem a travessia tinham um bom estado de conservação, embora não fossem novíssimos. O Guia que nos atendeu durante os 3 dias de passeio foi solícito e sempre educado, não era o mais desinibido, mas a viagem transcorreu bem, chama-se Javier.
- Nosso Jeep. Foto: Lisane Monteiro
>> Observação sobre os guias:
Li alguns relatos de pessoas que tiveram problemas com seus guias, que são também motoristas, fotógrafos, cozinheiros, garçons e tudo mais. São pessoas muito simples, com uma carga horária de trabalho pesada que começa as 4h da manha e termina 22h da noite. Sem querer invalidar os relatos dos demais viajantes, mas creio que precisamos ter algum tato ao lidar com eles, dadas as circunstâncias. Até no meu grupo em alguns momentos surgiram reclamações e eu tentava fazer com que enxergassem isso. Mas no final, todos ficarem satisfeitos.
>> observação sobre os grupos:
Falando em grupo, essa é uma parte importante da viagem. Você terá que dividir o carro com 6 pessoas + o guia, e se você não tiver amigos o suficiente para fechar o carro só para vocês, dividir o carro com pessoas estranhas pode não ser tão legal assim. Quase tivemos que ficar num carro com 2 caras que tinham um super cecê e não teria sido nada fácil dormir e acordar durante 3 dias nessas condições.
No final, tivemos a sorte de dividir a viagem com 3 meninas de Israel e elas eram muito bacanas, além de inglês, falavam espanhol quase que fluente e já haviam passado por vários outros países da América do Sul.
- Grupo no Jeep. Foto: Lisane Monteiro
- Grupo no Salar. Foto: Lisane Monteiro
BOLÍVIA (PARTE 1) – Roteiro
DIA 01
Saímos de Uyuni por volta das 11h e visitamos no Salar de Uyini o Cemitério de Trens, Salar Espelhado, Monumento Rali Dakar e o Museu de Sal. O almoço o Guia já traz no carro quase que pronto e foi servido em uma parada que parece uma espécie de refeitório no meio do deserto. Nesse mesmo local há uma feira de artesanato.
- Cemiterio de Trens no Salar. Foto: Lisane Monteiro
- Trem abandonado no Cemiterio de Trens do Salar. Foto: Lisane Monteiro
- Salar espelhado sem espelhar, por causa do vento. Foto: Lisane Monteiro
- Salar espelhado. Foto: Lisane Monteiro
- Pose no Salar. Foto: Lisane Monteiro
- Monumento Rally Dakar. Foto: Lisane Monteiro
- Museu de Sal. Foto: Lisane Monteiro
- Interior do Museu de Sal. Foto: Lisane Monteiro
A noite paramos em uma casinha que serve de hospedaria, simples, mas quentinha e limpa. O jantar foi servido por volta de 21h, podemos tomar banho quente que custou 10 Bolivianos e a duração era de 5 minutos cronometrados. Tem que ser no modo ninja, consegui até lavar o cabelo pra tirar a poeira, mas a ideia não foi tão boa assim, acordei com dor de garganta.
DIA 02
Acordamos cedo, por volta de 7h, tomamos café e seguimos a viagem visitando o deserto da Laguna Hedionda, Reserva Nacional da Fauna Andina Eduardo Avaroa, onde há dezenas de flamingos, alpacas, lagunas, pedras, poeira … detalhe, não há banheiro algum pelo caminho, é pipi atrás das pedras mesmo! (socorro!)
- Mapa da Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa. Foto: Lisane Monteiro
- Laguna Blanca e os flamingos. Foto: Lisane Monteiro
- Reserva Eduardo Avaroa. Foto: Lisane Monteiro
- Amigos na Laguna Blanca. Foto: Lisane Monteiro
- Laguna Colorada. Foto: Lisane Monteiro
- Laguna Colorada de outro ângulo. Foto: Lisane Monteiro
- Na estrada. Foto: Lisane Monteiro
- Reserva Nacional Eduardo Avaroa. Foto: Lisane Monteiro
- Encontro de Jeeps. Foto: Lisane Monteiro
- Laguna Cejar. Foto: Lisane Monteiro
- Arbol de Piedra. Foto: Lisane Monteiro
Mais uma vez essa questão do banheiro: você está meio do deserto, engolindo poeira, precisa beber água e não tem onde fazer xixi. Leve papel higiênico e uma boa dose de desapego. Mas vá, vale muito a pena.
- Banheiro ao ar livre. Foto: Lisane Monteiro
Almoçamos no meio do deserto, ainda não falei sobre o menu. A comida é simples, mas gostosinha. Geralmente tem sopa, salada, batata e frango. Com algumas variações. Pode comer sem medo, ninguém passou mal. Eu passo mal à toa e não tive problema algum. No café da manhã servem um pão “élfico” (tipo do filme Senhor dos Anéis, lembas hehe) com geleia e manteiga + café ou chá ou leite.
A noite dormimos em outra hospedaria coletiva, nesse local viajantes de todos os carros fazem parada. O local é simples, mas dá para tomar banho quente também. Dentro da hospedaria é quente, eles chamam de calefação, mas não tem nenhum aquecimento especial, além do tipo de construção. A gente pensa que é algo tipo de hotel e não é. Do lado de fora faz muito frio, nesse ponto da viagem já estamos a quase 4 mil metros de altitude. No céu dá pra ver milhares de estrelas, que não vemos mais na cidade, vale a pena uns minutinhos de frio para ver essa lindeza de céu.
- Hospedaria Coletova do dia 02. Foto: Lisane Monteiro
Nesse dia sentimos os efeitos da altitude, uma dor de cabeça que parece uma ressaca. Sensação ruim. Tomei aspirina e fui dormir.
>> Obervação sobre o clima:
O clima é muito seco e beber bastante água causa alguns transtornos em relação a falta de banheiro. Além disso, outros desconfortos me afligiram e não tem a ver com cabelo como li em vários blogs, tem a ver com alergia. Uma pessoa alérgica sofre, pois o contato com a poeira da estrada ataca o nariz, olhos, garganta. Sem contar que dormir em local frio é necessário usar a roupa de cama do local, que contém ácaros, devido a dificuldade de se lavar roupa no meio do deserto e etc. Logo, coisas que me foram muito úteis: em primeiro lugar BEPANTOL (jamais viaje sem essa pomada maravilhosa, beijo pro Bepantol!), lenço umedecido e antialérgico.
A secura era tanta, que coloquei Bepantol dentro do nariz. Pode parecer estranho, mas isso salvou a minha vida, pois o nariz arde e até sangra. Bepantol também nos lábios, que ficam muito ressecados, assim como todo o corpo.
>> Observação sobre eletricidade:
São muitos aparelhos pra pouca tomada! E muita gente também. Leve um filtro de linha para poder carregar o máximo de equipamentos simultaneamente.
DIA 03
Acordamos 3:30 da manhã, pois nesse dia o passeio inclui assistir o nascer do sol em uma piscina de água termal. Acordamos antes para pode usar o banheiro antes dos demais viajantes. Rá!
Nessa madrugada se sente muito frio, algo em torno de 0º num local descampado. Depois do café você vai em direção aos Geires e depois segue para a piscina de água termal.
Eu não entrei na piscina, como contei, fiquei com dor de garganta pois dormi de cabelo molhado! Aff.
- Geiser. Foto: Lisane Monteiro
- Piscina de água termal. Foto: Lisane Monteiro
- Nascer do sol nas piscinas... Foto: Lisane Monteiro
Depois, quem vai seguir para San Pedro de Atacama é levado até a Fronteira e quem não vai, volta para Uyuni.
Seguimos para o Atacama, no Chile. A Aduana é uma casinha precária no meio do nada, sem banheiro também (desculpem falar nisso mais uma vez, mas faz muita falta!)
De lá seguimos de van para San Pedro do Atacama. O traslado foi comprado em Uyuni, no mesmo local onde compramos esse passeio. O nosso passaporte dando saída da Bolívia também foi carimbado em Uyuni, num posto que há lá, não precisamos entrar na fila na Aduana da fronteira.
- Fronteira San Pedro de Atacama. Foto: Lisane Monteiro
- Fronteira Bolívia/Chile em San Pedro de Atacama. Foto: Lisane Monteiro
Continua…Aguarde o próximo post !
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